A carta por si só é auto-explicativa. Ótimo restinho de semana a todos!!
Mensagem do Papa para a Quaresma 2011
“Sepultados com Ele no batismo, foi também com Ele que ressuscitastes”
CIDADE DO VATICANO, terça-feira, 22 de fevereiro de 2011 (ZENIT.org) - Apresentamos a mensagem do Papa Bento XVI para a Quaresma de 2011, com o tema «Sepultados com Ele no batismo, foi também com Ele que ressuscitastes» (cf. Cl 2, 12). O texto foi apresentado hoje pela Santa Sé.
* * *
«Sepultados com Ele no batismo, foi também com Ele que ressuscitastes» (cf. Cl 2, 12)
Amados irmãos e irmãs!
A Quaresma, que nos conduz à celebração da Santa Páscoa, é para a Igreja um tempo litúrgico muito precioso e importante, em vista do qual me sinto feliz por dirigir uma palavra específica para que seja vivido com o devido empenho. Enquanto olha para o encontro definitivo com o seu Esposo na Páscoa eterna, a Comunidade eclesial, assídua na oração e na caridade laboriosa, intensifica o seu caminho de purificação no espírito, para haurir com mais abundância do Mistério da redenção a vida nova em Cristo Senhor (cf. Prefácio I de Quaresma).
1. Esta mesma vida já nos foi transmitida no dia do nosso Baptismo, quando, «tendo-nos tornado partícipes da morte e ressurreição de Cristo» iniciou para nós «a aventura jubilosa e exaltante do discípulo» (Homilia na Festa do Baptismo do Senhor, 10 de Janeiro de 2010). São Paulo, nas suas Cartas, insiste repetidas vezes sobre a singular comunhão com o Filho de Deus realizada neste lavacro. O facto que na maioria dos casos o Baptismo se recebe quando somos crianças põe em evidência que se trata de um dom de Deus: ninguém merece a vida eterna com as próprias forças. A misericórdia de Deus, que lava do pecado e permite viver na própria existência «os mesmos sentimentos de Jesus Cristo» (Fl 2, 5), é comunicada gratuitamente ao homem.
O Apóstolo dos gentios, na Carta aos Filipenses, expressa o sentido da transformação que se realiza com a participação na morte e ressurreição de Cristo, indicando a meta: que assim eu possa «conhecê-Lo, a Ele, à força da sua Ressurreição e à comunhão nos Seus sofrimentos, configurando-me à Sua morte, para ver se posso chegar à ressurreição dos mortos» (Fl 3, 10-11). O Baptismo, portanto, não é um rito do passado, mas o encontro com Cristo que informa toda a existência do baptizado, doa-lhe a vida divina e chama-o a uma conversão sincera, iniciada e apoiada pela Graça, que o leve a alcançar a estatura adulta de Cristo.
Um vínculo particular liga o Baptismo com a Quaresma como momento favorável para experimentar a Graça que salva. Os Padres do Concílio Vaticano II convidaram todos os Pastores da Igreja a utilizar «mais abundantemente os elementos baptismais próprios da liturgia quaresmal» (Const. Sacrosanctum Concilium, 109). De facto, desde sempre a Igreja associa a Vigília Pascal à celebração do Baptismo: neste Sacramento realiza-se aquele grande mistério pelo qual o homem morre para o pecado, é tornado partícipe da vida nova em Cristo Ressuscitado e recebe o mesmo Espírito de Deus que ressuscitou Jesus dos mortos (cf. Rm 8, 11). Este dom gratuito deve ser reavivado sempre em cada um de nós e a Quaresma oferece-nos um percurso análogo ao catecumenato, que para os cristãos da Igreja antiga, assim como também para os catecúmenos de hoje, é uma escola insubstituível de fé e de vida cristã: deveras eles vivem o Baptismo como um acto decisivo para toda a sua existência.
2. Para empreender seriamente o caminho rumo à Páscoa e nos prepararmos para celebrar a Ressurreição do Senhor – a festa mais jubilosa e solene de todo o Ano litúrgico – o que pode haver de mais adequado do que deixar-nos conduzir pela Palavra de Deus? Por isso a Igreja, nos textos evangélicos dos domingos de Quaresma, guia-nos para um encontro particularmente intenso com o Senhor, fazendo-nos repercorrer as etapas do caminho da iniciação cristã: para os catecúmenos, na perspectiva de receber o Sacramento do renascimento, para quem é baptizado, em vista de novos e decisivos passos no seguimento de Cristo e na doação total a Ele.
O primeiro domingo do itinerário quaresmal evidencia a nossa condição do homens nesta terra. O combate vitorioso contra as tentações, que dá início à missão de Jesus, é um convite a tomar consciência da própria fragilidade para acolher a Graça que liberta do pecado e infunde nova força em Cristo, caminho, verdade e vida (cf. Ordo Initiationis Christianae Adultorum, n. 25). É uma clara chamada a recordar como a fé cristã implica, a exemplo de Jesus e em união com Ele, uma luta «contra os dominadores deste mundo tenebroso» (Hb 6, 12), no qual o diabo é activo e não se cansa, nem sequer hoje, de tentar o homem que deseja aproximar-se do Senhor: Cristo disso sai vitorioso, para abrir também o nosso coração à esperança e guiar-nos na vitória às seduções do mal.
O Evangelho da Transfiguração do Senhor põe diante dos nossos olhos a glória de Cristo, que antecipa a ressurreição e que anuncia a divinização do homem. A comunidade cristã toma consciência de ser conduzida, como os apóstolos Pedro, Tiago e João, «em particular, a um alto monte» (Mt 17, 1), para acolher de novo em Cristo, como filhos no Filho, o dom da Graça de Deus: «Este é o Meu Filho muito amado: n’Ele pus todo o Meu enlevo. Escutai-O» (v. 5). É o convite a distanciar-se dos boatos da vida quotidiana para se imergir na presença de Deus: Ele quer transmitir-nos, todos os dias, uma Palavra que penetra nas profundezas do nosso espírito, onde discerne o bem e o mal (cf. Hb 4, 12) e reforça a vontade de seguir o Senhor.
O pedido de Jesus à Samaritana: «Dá-Me de beber» (Jo 4, 7), que é proposto na liturgia do terceiro domingo, exprime a paixão de Deus por todos os homens e quer suscitar no nosso coração o desejo do dom da «água a jorrar para a vida eterna» (v. 14): é o dom do espírito Santo, que faz dos cristãos «verdadeiros adoradores» capazes de rezar ao Pai «em espírito e verdade» (v. 23). Só esta água pode extinguir a nossa sede do bem, da verdade e da beleza! Só esta água, que nos foi doada pelo Filho, irriga os desertos da alma inquieta e insatisfeita, «enquanto não repousar em Deus», segundo as célebres palavras de Santo Agostinho.
O domingo do cego de nascença apresenta Cristo como luz do mundo. O Evangelho interpela cada um de nós: «Tu crês no Filho do Homem?». «Creio, Senhor» (Jo 9, 35.38), afirma com alegria o cego de nascença, fazendo-se voz de todos os crentes. O milagre da cura é o sinal que Cristo, juntamente com a vista, quer abrir o nosso olhar interior, para que a nossa fé se torne cada vez mais profunda e possamos reconhecer n’Ele o nosso único Salvador. Ele ilumina todas as obscuridades da vida e leva o homem a viver como «filho da luz».
Quando, no quinto domingo, nos é proclamada a ressurreição de Lázaro, somos postos diante do último mistério da nossa existência: «Eu sou a ressurreição e a vida... Crês tu isto?» (Jo 11, 25-26). Para a comunidade cristã é o momento de depor com sinceridade, juntamente com Marta, toda a esperança em Jesus de Nazaré: «Sim, Senhor, creio que Tu és o Cristo, o Filho de Deus, que havia de vir ao mundo» (v. 27). A comunhão com Cristo nesta vida prepara-nos para superar o limite da morte, para viver sem fim n’Ele. A fé na ressurreição dos mortos e a esperança da vida eterna abrem o nosso olhar para o sentido derradeiro da nossa existência: Deus criou o homem para a ressurreição e para a vida, e esta verdade doa a dimensão autêntica e definitiva à história dos homens, à sua existência pessoal e ao seu viver social, à cultura, à política, à economia. Privado da luz da fé todo o universo acaba por se fechar num sepulcro sem futuro, sem esperança.
O percurso quaresmal encontra o seu cumprimento no Tríduo Pascal, particularmente na Grande Vigília na Noite Santa: renovando as promessas baptismais, reafirmamos que Cristo é o Senhor da nossa vida, daquela vida que Deus nos comunicou quando renascemos «da água e do Espírito Santo», e reconfirmamos o nosso firme compromisso em corresponder à acção da Graça para sermos seus discípulos.
3. O nosso imergir-nos na morte e ressurreição de Cristo através do Sacramento do Baptismo, estimula-nos todos os dias a libertar o nosso coração das coisas materiais, de um vínculo egoísta com a «terra», que nos empobrece e nos impede de estar disponíveis e abertos a Deus e ao próximo. Em Cristo, Deus revelou-se como Amor (cf 1 Jo 4, 7-10). A Cruz de Cristo, a «palavra da Cruz» manifesta o poder salvífico de Deus (cf. 1 Cor 1, 18), que se doa para elevar o homem e dar-lhe a salvação: amor na sua forma mais radical (cf. Enc. Deus caritas est, 12). Através das práticas tradicionais do jejum, da esmola e da oração, expressões do empenho de conversão, a Quaresma educa para viver de modo cada vez mais radical o amor de Cristo. O Jejum, que pode ter diversas motivações, adquire para o cristão um significado profundamente religioso: tornando mais pobre a nossa mesa aprendemos a superar o egoísmo para viver na lógica da doação e do amor; suportando as privações de algumas coisas – e não só do supérfluo – aprendemos a desviar o olhar do nosso «eu», para descobrir Alguém ao nosso lado e reconhecer Deus nos rostos de tantos irmãos nossos. Para o cristão o jejum nada tem de intimista, mas abre em maior medida para Deus e para as necessidades dos homens, e faz com que o amor a Deus seja também amor ao próximo (cf. Mc 12, 31).
No nosso caminho encontramo-nos perante a tentação do ter, da avidez do dinheiro, que insidia a primazia de Deus na nossa vida. A cupidez da posse provoca violência, prevaricação e morte: por isso a Igreja, especialmente no tempo quaresmal, convida à prática da esmola, ou seja, à capacidade de partilha. A idolatria dos bens, ao contrário, não só afasta do outro, mas despoja o homem, torna-o infeliz, engana-o, ilude-o sem realizar aquilo que promete, porque coloca as coisas materiais no lugar de Deus, única fonte da vida. Como compreender a bondade paterna de Deus se o coração está cheio de si e dos próprios projectos, com os quais nos iludimos de poder garantir o futuro? A tentação é a de pensar, como o rico da parábola: «Alma, tens muitos bens em depósito para muitos anos...». «Insensato! Nesta mesma noite, pedir-te-ão a tua alma...» (Lc 12, 19-20). A prática da esmola é uma chamada à primazia de Deus e à atenção para com o próximo, para redescobrir o nosso Pai bom e receber a sua misericórdia.
Em todo o período quaresmal, a Igreja oferece-nos com particular abundância a Palavra de Deus. Meditando-a e interiorizando-a para a viver quotidianamente, aprendemos uma forma preciosa e insubstituível de oração, porque a escuta atenta de Deus, que continua a falar ao nosso coração, alimenta o caminho de fé que iniciámos no dia do Baptismo. A oração permite-nos também adquirir uma nova concepção do tempo: de facto, sem a perspectiva da eternidade e da transcendência ele cadencia simplesmente os nossos passos rumo a um horizonte que não tem futuro. Ao contrário, na oração encontramos tempo para Deus, para conhecer que «as suas palavras não passarão» (cf. Mc 13, 31), para entrar naquela comunhão íntima com Ele «que ninguém nos poderá tirar» (cf. Jo 16, 22) e que nos abre à esperança que não desilude, à vida eterna.
Em síntese, o itinerário quaresmal, no qual somos convidados a contemplar o Mistério da Cruz, é «fazer-se conformes com a morte de Cristo» (Fl 3, 10), para realizar uma conversão profunda da nossa vida: deixar-se transformar pela acção do Espírito Santo, como São Paulo no caminho de Damasco; orientar com decisão a nossa existência segundo a vontade de Deus; libertar-nos do nosso egoísmo, superando o instinto de domínio sobre os outros e abrindo-nos à caridade de Cristo. O período quaresmal é momento favorável para reconhecer a nossa debilidade, acolher, com uma sincera revisão de vida, a Graça renovadora do Sacramento da Penitência e caminhar com decisão para Cristo.
Queridos irmãos e irmãs, mediante o encontro pessoal com o nosso Redentor e através do jejum, da esmola e da oração, o caminho de conversão rumo à Páscoa leva-nos a redescobrir o nosso Baptismo. Renovemos nesta Quaresma o acolhimento da Graça que Deus nos concedeu naquele momento, para que ilumine e guie todas as nossas acções. Tudo o que o Sacramento significa e realiza, somos chamados a vivê-lo todos os dias num seguimento de Cristo cada vez mais generoso e autêntico. Neste nosso itinerário, confiemo-nos à Virgem Maria, que gerou o Verbo de Deus na fé e na carne, para nos imergir como ela na morte e ressurreição do seu Filho Jesus e ter a vida eterna.
Vaticano, 4 de Novembro de 2010
BENEDICTUS PP XVI
Fonte: http://www.zenit.org/p-27319
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quinta-feira, 17 de março de 2011
quarta-feira, 9 de março de 2011
Significado da Quarta-feira de Cinzas
Passado o carnaval, fiquei curiosa p/ saber mais detalhes sobre a Quarta de Cinzas e achei no seguinte site o que vou compartilhar c/ vocês:
Quarta feira de Cinzas - O significado das cinzas
"Quarta feira de Cinzas
- Início da Quaresma –
“Tempo de penitência e conversão.”
Lançamento da Campanha da Fraternidade 2006.
O significado das cinzas
O uso litúrgico das cinzas tem sua origem no Antigo Testamento. As cinzas simbolizam dor, morte e penitência. Por exemplo, no livro de Ester, Mardoqueu se veste de saco e se cobre de cinzas quando soube do decreto do Rei Asuer I (Xerxes, 485-464 antes de Cristo) da Pérsia que condenou à morte todos os judeus de seu império. (Est 4,1). Jó (cuja história foi escrita entre os anos VII e V antes de Cristo) mostrou seu arrependimento vestindo-se de saco e cobrindo-se de cinzas (Jó 42,6). Daniel (cerca de 550 antes de Cristo) ao profetizar a captura de Jerusalém pela Babilônia, escreveu: "Volvi-me para o Senhor Deus a fim de dirigir-lhe uma oração de súplica, jejuando e me impondo o cilício e a cinza" (Dn 9,3). No século V antes de Cristo, logo depois da pregação de Jonas, o povo de Nínive proclamou um jejum a todos e se vestiram de saco, inclusive o Rei, que além de tudo levantou-se de seu trono e sentou sobre cinzas (Jn 3,5-6). Estes exemplos retirados do Antigo Testamento demonstram a prática estabelecida de utilizar-se cinzas como símbolo (algo que todos compreendiam) de arrependimento.
O próprio Jesus fez referência ao uso das cinzas. A respeito daqueles povos que recusavam-se a se arrepender de seus pecados, apesar de terem visto os milagres e escutado a Boa Nova, Nosso Senhor proferiu: "Ai de ti, Corozaim! Ai de ti, Betsaida! Porque se tivessem sido feitos em Tiro e em Sidônia os milagres que foram feitos em vosso meio, há muito tempo elas se teriam arrependido sob o cilício e as cinzas. (Mt 11,21) A Igreja, desde os primeiros tempos, continuou a prática do uso das cinzas com o mesmo simbolismo. Em seu livro "De Poenitentia" , Tertuliano (160-220 DC), prescreveu que um penitente deveria "viver sem alegria vestido com um tecido de saco rude e coberto de cinzas". O famoso historiador dos primeiros anos da igreja, Eusébio (260-340 DC), relata em seu livro A História da Igreja, como um apóstata de nome Natalis se apresentou vestido de saco e coberto de cinzas diante do Papa Ceferino, para suplicar-lhe perdão. Sabe-se que num determinado momento existiu uma prática que consistia no sacerdote impor as cinzas em todos aqueles que deviam fazer penitência pública. As cinzas eram colocadas quando o penitente saía do Confessionário.
Já no período medieval, por volta do século VIII, aquelas pessoas que estavam para morrer eram deitadas no chão sobre um tecido de saco coberto de cinzas. O sacerdote benzia o moribundo com água benta dizendo-lhe: "Recorda-te que és pó e em pó te converterás". Depois de aspergir o moribundo com a água benta, o sacerdote perguntava: "Estás de acordo com o tecido de saco e as cinzas como testemunho de tua penitência diante do Senhor no dia do Juízo?" O moribundo então respondia: "Sim, estou de acordo". Se podem apreciar em todos esses exemplos que o simbolismo do tecido de saco e das cinzas serviam para representar os sentimentos de aflição e arrependimento, bem como a intenção de se fazer penitência pelos pecados cometidos contra o Senhor e a Sua igreja. Com o passar dos tempos o uso das cinzas foi adotado como sinal do início do tempo da Quaresma; o período de preparação de quarenta dias (excluindo-se os domingos) antes da Páscoa da Ressurreição. O ritual para a Quarta-feira de Cinzas já era parte do Sacramental Gregoriano. As primeiras edições deste sacramental datam do século VII. Na nossa liturgia atual da Quarta-feira de Cinzas, utilizamos cinzas feitas com os ramos de palmas distribuídos no ano anterior no Domingo de Ramos. O sacerdote abençoa as cinzas e as impõe na fronte de cada fiel traçando com essas o Sinal da Cruz. Logo em seguida diz: "Recorda-te que és pó e em pó te converterás" ou então "Arrepende-te e crede no Evangelho".
Devemos nos preparar para o começo da Quaresma compreendendo o significado profundo das cinzas que recebemos. É um tempo para examinar nossas ações atuais e passadas e lamentarmo-nos profundamente por nossos pecados. Só assim poderemos voltar nossos corações genuinamente para Nosso Senhor, que sofreu, morreu e ressuscitou pela nossa salvação. Além do mais esse tempo nos serve para renovar nossas promessas batismais, quando morremos para a vida passada e começamos uma nova vida em Cristo.
Finalmente, conscientes que as coisas desse mundo são passageiras, procuremos viver de agora em diante com a firme esperança no futuro e a plenitude do Céu.
- Início da Quaresma –
“Tempo de penitência e conversão.”
Lançamento da Campanha da Fraternidade 2006.
O significado das cinzas
O uso litúrgico das cinzas tem sua origem no Antigo Testamento. As cinzas simbolizam dor, morte e penitência. Por exemplo, no livro de Ester, Mardoqueu se veste de saco e se cobre de cinzas quando soube do decreto do Rei Asuer I (Xerxes, 485-464 antes de Cristo) da Pérsia que condenou à morte todos os judeus de seu império. (Est 4,1). Jó (cuja história foi escrita entre os anos VII e V antes de Cristo) mostrou seu arrependimento vestindo-se de saco e cobrindo-se de cinzas (Jó 42,6). Daniel (cerca de 550 antes de Cristo) ao profetizar a captura de Jerusalém pela Babilônia, escreveu: "Volvi-me para o Senhor Deus a fim de dirigir-lhe uma oração de súplica, jejuando e me impondo o cilício e a cinza" (Dn 9,3). No século V antes de Cristo, logo depois da pregação de Jonas, o povo de Nínive proclamou um jejum a todos e se vestiram de saco, inclusive o Rei, que além de tudo levantou-se de seu trono e sentou sobre cinzas (Jn 3,5-6). Estes exemplos retirados do Antigo Testamento demonstram a prática estabelecida de utilizar-se cinzas como símbolo (algo que todos compreendiam) de arrependimento.
O próprio Jesus fez referência ao uso das cinzas. A respeito daqueles povos que recusavam-se a se arrepender de seus pecados, apesar de terem visto os milagres e escutado a Boa Nova, Nosso Senhor proferiu: "Ai de ti, Corozaim! Ai de ti, Betsaida! Porque se tivessem sido feitos em Tiro e em Sidônia os milagres que foram feitos em vosso meio, há muito tempo elas se teriam arrependido sob o cilício e as cinzas. (Mt 11,21) A Igreja, desde os primeiros tempos, continuou a prática do uso das cinzas com o mesmo simbolismo. Em seu livro "De Poenitentia" , Tertuliano (160-220 DC), prescreveu que um penitente deveria "viver sem alegria vestido com um tecido de saco rude e coberto de cinzas". O famoso historiador dos primeiros anos da igreja, Eusébio (260-340 DC), relata em seu livro A História da Igreja, como um apóstata de nome Natalis se apresentou vestido de saco e coberto de cinzas diante do Papa Ceferino, para suplicar-lhe perdão. Sabe-se que num determinado momento existiu uma prática que consistia no sacerdote impor as cinzas em todos aqueles que deviam fazer penitência pública. As cinzas eram colocadas quando o penitente saía do Confessionário.
Já no período medieval, por volta do século VIII, aquelas pessoas que estavam para morrer eram deitadas no chão sobre um tecido de saco coberto de cinzas. O sacerdote benzia o moribundo com água benta dizendo-lhe: "Recorda-te que és pó e em pó te converterás". Depois de aspergir o moribundo com a água benta, o sacerdote perguntava: "Estás de acordo com o tecido de saco e as cinzas como testemunho de tua penitência diante do Senhor no dia do Juízo?" O moribundo então respondia: "Sim, estou de acordo". Se podem apreciar em todos esses exemplos que o simbolismo do tecido de saco e das cinzas serviam para representar os sentimentos de aflição e arrependimento, bem como a intenção de se fazer penitência pelos pecados cometidos contra o Senhor e a Sua igreja. Com o passar dos tempos o uso das cinzas foi adotado como sinal do início do tempo da Quaresma; o período de preparação de quarenta dias (excluindo-se os domingos) antes da Páscoa da Ressurreição. O ritual para a Quarta-feira de Cinzas já era parte do Sacramental Gregoriano. As primeiras edições deste sacramental datam do século VII. Na nossa liturgia atual da Quarta-feira de Cinzas, utilizamos cinzas feitas com os ramos de palmas distribuídos no ano anterior no Domingo de Ramos. O sacerdote abençoa as cinzas e as impõe na fronte de cada fiel traçando com essas o Sinal da Cruz. Logo em seguida diz: "Recorda-te que és pó e em pó te converterás" ou então "Arrepende-te e crede no Evangelho".
Devemos nos preparar para o começo da Quaresma compreendendo o significado profundo das cinzas que recebemos. É um tempo para examinar nossas ações atuais e passadas e lamentarmo-nos profundamente por nossos pecados. Só assim poderemos voltar nossos corações genuinamente para Nosso Senhor, que sofreu, morreu e ressuscitou pela nossa salvação. Além do mais esse tempo nos serve para renovar nossas promessas batismais, quando morremos para a vida passada e começamos uma nova vida em Cristo.
Finalmente, conscientes que as coisas desse mundo são passageiras, procuremos viver de agora em diante com a firme esperança no futuro e a plenitude do Céu.
BÊNÇÃO E IMPOSIÇÃO DAS CINZAS NO INÍCIO DA QUARESMA
Aceitando que nos imponham as cinzas, expressamos duas realidades fundamentais:
1. Somo criaturas mortais; tomar consciência de nossa fragilidade, de inevitável fim de nossa existência terrestre, nos ajuda a avaliar melhor os rumos que compete dar à nossa vida: "você é pó, e ao pó voltará" (Gn 3, 19). Somo chamado;
2. Somos chamados a nos converter ao Evangelho de Jesus e sua proposta do Reino, mudando nossa maneira de ver, pensar, agir.
Muitas comunidades sem padre assumiram esse rito significativo como abertura da quaresma anual, realizando-o numa celebração da Palavras.
Veja mais embasamentos bíblicos sobre as cinzas através das seguintes passagens: (Nm 19; Hb 9,13); como sinal de transitoriedade (Gn 18,27; Jó 30,19). Como sinal de luto (2Sm 13,19; Sl 102,10; Ap 19,19). Como sinal de penitência (Dn 9,3; Mt 11,21). Faça uma pesquisa através de todas estas passagens bíblicas, prestando a atenção ao texto e seu contexto, relacionando com a vida pessoal, comunitária, social e com o rito litúrgico da Quarta-feira de cinzas".
OBS: FONTE - MISSAL DOMINICAL, página de 140, © Paulus, 1997
Aceitando que nos imponham as cinzas, expressamos duas realidades fundamentais:
1. Somo criaturas mortais; tomar consciência de nossa fragilidade, de inevitável fim de nossa existência terrestre, nos ajuda a avaliar melhor os rumos que compete dar à nossa vida: "você é pó, e ao pó voltará" (Gn 3, 19). Somo chamado;
2. Somos chamados a nos converter ao Evangelho de Jesus e sua proposta do Reino, mudando nossa maneira de ver, pensar, agir.
Muitas comunidades sem padre assumiram esse rito significativo como abertura da quaresma anual, realizando-o numa celebração da Palavras.
Veja mais embasamentos bíblicos sobre as cinzas através das seguintes passagens: (Nm 19; Hb 9,13); como sinal de transitoriedade (Gn 18,27; Jó 30,19). Como sinal de luto (2Sm 13,19; Sl 102,10; Ap 19,19). Como sinal de penitência (Dn 9,3; Mt 11,21). Faça uma pesquisa através de todas estas passagens bíblicas, prestando a atenção ao texto e seu contexto, relacionando com a vida pessoal, comunitária, social e com o rito litúrgico da Quarta-feira de cinzas".
OBS: FONTE - MISSAL DOMINICAL, página de 140, © Paulus, 1997
marinho
Publicado no Recanto das Letras em 28/02/2006
sábado, 5 de março de 2011
Pernambuco tá na moda
"Nos últimos quatro anos, o Estado de Pernambuco, a segunda maior economia do Nordeste, atraiu mais de 300 empresas – entre gigantes como Ambev e Sadia – e investimentos de R$ 26 bilhões..."
Assim começa a reportagem do dia 15/12 da Istoé. E, pelo que pude observar, essa ñ é a única matéria falando do bom momento daqui do estado. Semana passada li uma reportagem do Diário de Pernambuco falando bom momento da economia e do quanto os pequenos empresários (e quem mais soubesse aproveitar a situação) estavam lucrando devido ao investimento em Suape (uma pena q ñ tenha achado essa reportagem na web... :( ). Resumindo mais ou menos a história: há muitos investimentos em Suape, a refinaria é apenas um deles. Há muitos operários construindo navios, por exemplo. Acontece que essas pessoas precisam comer/vestir/dormir em algum lugar, o que tem feito que os donos de estabelecimentos que fornecem esses serviços estão praticamente no paraíso, ampliando seus negócios, reinvestindo ou criando outros, aumentando a renda da família, guardando p/ possíveis tempos de vacas magras, etc... Essa reportagem mesmo que começei o post fala da construção de uma nova fábrica da Fiat em Suape ("Orçada em R$ 3 bilhões, a futura linha de montagem terá capacidade para produzir 200 mil unidades e gerar 3,5 mil empregos, quando operar a todo vapor. " , diz a mesma). Mais na frente, eles dizem que "Significa a possibilidade de consolidar um polo automotivo num Estado que já figura como o grande centro petroquímico do Nordeste. “Esta fábrica será o eixo de um novo polo industrial”, diz Cledorvino Belini, presidente da Fiat no Brasil. ". E que "Mercado consumidor não falta. Entre 2007 e 2010, a frota de veículos de passeio no Nordeste passou de 3,1 milhões para 3,9 milhões. A expansão do mercado colocou Pernambuco no radar da indústria automotiva como provável destino de novas montadoras. " .
Outro site informa que Pernambuco está de olho no crescimento do gigante asiático e quer aumentar os negócios com ele: “O crescimento da China é muito grande e há muito interesse de nossa parte em acelerar esse relacionamento”, afirmou o presidente da Fecomercio-PE, Josias Albuquerque, um grande entusiasta da parceria. Ele admite que o principal objetivo do empresariado pernambucano é mesmo trazer bens chineses para o Brasil, especialmente o segmento de máquinas pesadas, bastante demandadas em tempos de crescimento recorde do Produto Interno Bruto (PIB) estadual.O dirigente garante que há enorme interesse dos asiáticos em investir em Pernambuco. Segundo ele, a chinesa EMC estuda a instalação de uma fábrica de máquinas em Suape, mesmo local onde a fabricante de veículos JAC quer viabilizar uma montadora."
Também a Corn Products (empresa que se utiliza do milho para fornecer à indústria alimentos, embalagem, nutrição animal e higiene pessoal) vai aumentar em 40% sua capacidade produtiva no Cabo de Santo Agostinho, aumentando também a capacidade da fábrica de 200 mil para 280 mil toneladas por ano, o que significa que o número de empregos também vai aumentar. "O executivo, Carlos Eduardo Bianco, dono da Corn Products Brasil, explica que ainda não dá para dizer qual a fatia dos R$ 170 milhões que será destinada a Pernambuco nem quantos novos empregos serão gerados. ´Ainda estamos detalhando esse investimento. Mas sabemos que aumentando a capacidade de processamento de milho aumenta a necessidade de gente no campo, no transporte e na fábrica."
Aliás, PE, o seguinte site atesta, c/ informação de fontes seguras, que cresceu mais que o BRIC (Rússia _5,2%; Índia _ 8,8%; o próprio Brasil _8,8% e China _10,3%) só no 2º semestre de 2010 (12,4%). " O resultado do PIB, segundo a Agência, repercute diretamente na geração de empregos. O CAGED registrou, nos últimos 12 meses – agosto de 2009 a julho de 2010 – a geração recorde de 86 mil empregos com carteira assinada. Dados do DIEESE, que realiza a Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED) na região metropolitana do Recife, demonstram que julho obteve o menor índice de desemprego da série histórica (17,2%), que é medida desde 1997."
Também o setor de moda aqui tem crescido. Tendo sido dito pela revista americana Businesse Week, uma das mais conceituadas publicações de economida do mundo, que o nosso "Porto Digital é um dos dez lugares do planeta onde se pensa o futuro do mundo – aliás, o único brasileiro. A consultoria A.T.Kearney, especializada em TI, já o elegeu o maior e mais rentável parque tecnológico do País. A Microsoft encontrou entre suas empresas um banco de talentos.". E aqui também ainda temos um tipo de turismo singular, proporcionado pela divulgação das "Lendas do Recife Velho" em que lugares onde acontecem os supostos mal-assombros são visitados por um grupo tendo a explicação do "causo" por um guia, no mínimo, singular (vale destacar que não é algo perigoso, nem mesmo de outro mundo, tanto que é aberto para crianças a partir de 10 anos. É tudo inspirado num livro de Gilberto Freire).
Tanto crescimento tem feito a situação se inverter: paulistas (não só paulistas) migram pra cá ao invés de ser o contrário: Cheguei, inclusive (e por acaso, no meio da pesquisa), a achar um blog que trás um ato de desagravo público contra o preconceito com os nordestinos, muito bom!!!. Uma reportagem começa dizendo que "O Eldorado não está mais no Sul e no Sudeste, as regiões mais ricas do Brasil." _em tempo, respeito totalmente o Sul e o Sudeste e as pessoas de lá, ok? Só estou mostrando como a situação vem se invertendo..._. "As cenas da seca com chão rachado e gado morto no pasto foram quase totalmente abandonadas pelas figuras imponentes dos complexos industriais e pela corrida consumista por bens duráveis e serviços. Nas ruas das cidades de menor porte, os jegues foram substituídos pelas motocicletas. Vultosos investimentos em tecnologia possibilitaram às regiões menos desenvolvidas tornarem-se polos exportadores de commodities (produtos básicos com cotação internacional). São Paulo e Rio de Janeiro ainda têm grande importância econômica, mas Norte, Nordeste e Centro-Oeste são as regiões com as maiores taxas de crescimento."
Não bastasse isso, o turismo também está indo de vento em polpa e, pelo que ouvi dizer, vai ser cada vez mais comuns ter grandes shows aqui (leia-se, shows internacionais). No último link, de quebra, vocês vêem as linhas de ônibus especiais durante o carnaval. Falando nisso, especificamente nessa época do ano, Pernambuco também está no foco no período do reinado de Momo. Todo mundo sabe, não é de hoje, que PE tem o carnaval mais democrático de todos e também multicultural (frevo, maracatu, caboclinhos, ciranda, Galo, Olinda, Bezerros, Pesqueira, etc...), atendendo aos mais diversos gostos (este ano o carnaval do Recife faz homenagem ao Maestro Duda e Tereza Costa Rêgo). Vem gente de todo o mundo pra cá e por aqui a galera se encontra e se diverte. Quem quiser ver a programação completa do carnaval do Recife clica aqui. De quebra, ainda dá p/ turista degustar nossa querida tapioca, patrimônio imaterial de Olinda, macaxeira c/ charque, bolo Souza Leão, entre outras iguarias locais.
Isso tudo foi uma pequena homenagem que fiz ao meu estado, que não é perfeito, mas é acolhedor, e está cheio de promessas p/ futuro. E se a gente reclama é pq pode, afinal, a gente é daqui!!! Sujeira, violência, etc, existe e não dá p/ fechar os olhos _afinal, aqui é Brasil!! Sempre tem alguém em algum lugar querendo usar o famoso jeitinho brasileiro_ , mas, sinceramente, tb ñ dá p/ deixar de ter orgulho da terrinha. Do maior bloco de rua do mundo, da maior avenida em linha reta do mundo, da melhor macaxeira do mundo, da melhor tapioca, do melhor carnaval, da praia mais bonita do Brasil (Porto de Galinhas, eleita pela 5ª vez), São João, etc... ( todo pernambucano, no fundo, no fundo, é bairrista, rs... ). Sem contar que o Brasil foi descoberto, na verdade, aqui, no Cabo de Santo Agostinho, em 1498, por Vicente Pinzón, o que não costuma ser muito divulgado. Não é à toa que somos O Leão do Norte, sempre tendo importância fundamental na história do país, sendo questionador e pioneiro em tantos movimentos, não à toa que temos no nosso hino "a república é filha de Olinda", pois aqui foi onde primeiro se proclamou uma república nas Américas (foi em 1710, por Bernardo Vieira de Melo, o que viria a cumular na guerra dos Mascates, bem como também foi " pioneiro no país em liderar lutas que desaguariam em 1822 com a Independência do Brasil. Pernambuco se tornava o ‘Leão do Norte’ ou a ‘nova Roma de bravos guerreiros’, como sugere o hino do estado, de autoria de Oscar Brandão."
Sobre Recife: http://censo2001.recife.pe.gov.br/pr/seccultura/fccr/historia/cap10/textos.html.
Então, o que posso dizer, Pernambuco está de braços abertos p/ receber a todos, turistas, pessoas de outros estados que queiram fazer futuro aqui, empresas pra investir, etc... Não tenho absolutamente nada com o governo, nem me interesso por política _a não ser quando, de alguma forma, ela começa a atrapalhar minha vida (ou dos meus) direta ou indiretamente_, mas, aproveitando uma chamada que vi numa propaganda do governo do estado: "Pernambuco é muito mais pra você!", ou ainda outra: "Pernambuco é só chegar!". É esse o espírito!!! Ótimo carnaval p/ todos (não digo p/ quem for de fora vir brincar aqui ainda este pq já tá tudo lotado há muito tempo, rs...). E bom Pernambuco p/ vc!!! ;)
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