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sábado, 21 de abril de 2012

"Brasil: Terra da Santa Cruz" Em reposta ao texto "Coragem Não é Para Todos!" do Frade Demetrius dos Santos Silva



Cruz, patrimônio do povo brasileiro 
 Da Canção Nova 

*
“Eis o lenho da cruz, do qual pendeu a salvação do mundo!”* 

Nesta semana nós brasileiros, sobretudo os de boa fé, ficamos espantados 
com a decisão do Conselho da Magistratura do Tribunal de Justiça do Rio 
Grande do Sul (TJ-RS) de que fossem retirados todos os crucifixos e outros 
símbolos religiosos das repartições da Justiça do estado, sob a 
justificativa de que o estado é laico. 


Tal decisão nos faz observar alguns elementos para não cairmos no falso 
pretexto de que, para eliminar as discriminações, é necessário afastar os 
elementos religiosos, cristãos, dos ambientes públicos. Quem defende essa 
ideia afirma que religião e Estado não se misturam, por isso, como não pode 
haver privilégios entre os “iguais” em uma nação democrática, a religião 
deve ser “sacrificada” em prol da coletividade. 


A história brasileira é marcada pela cruz, o primeiro ato público exercido 
em nosso território foi justamente um ato litúrgico, religioso, a Santa 
Missa, e o primeiro nome do Brasil foi Terra de Santa Cruz. Dentre nossos 
colonizadores estavam inúmeros religiosos, que, motivados pela mensagem da 
cruz de Cristo, fundaram cidades, escolas, hospitais, universidades, e 
milhares de homens e mulheres católicos cravaram a religião católica como 
patrimônio cultural do nosso povo. 


O Papa Bento XVI, ao se dirigir às autoridades civis no Reino Unido, no 
Parlamento Londrino em 17 de setembro de 2010, manifestou preocupação 
diante da crescente marginalização da religião, de modo particular do 
Cristianismo. Afirmou que existem pessoas segundo as quais a voz da 
religião deveria ser silenciada ou, na melhor das hipóteses, relegada à 
esfera puramente particular. De acordo com o Santo Padre, trata-se de 
sinais preocupantes da incapacidade de ter na justa consideração não apenas 
os direitos dos crentes à liberdade de consciência e de religião, mas 
também ao papel legítimo da religião na esfera pública. 


Por trás do pensamento de querer reduzir a religião à esfera apenas 
particular, existem conceitos ideológicos claros que desejam eliminar Deus 
da cenário público e, consequentemente, a religião do meio do povo, 
colocando o Estado como o “senhor” da nação, o soberano, ou seja, o próprio 
“deus”. Basta ler alguns clássicos da literatura da ciência política como: 
“O Príncipe” de Nicolau Maquiavel e “Manifesto Comunista” de Karl Marx e 
Friedrich Engels, que encontraremos as primeiras concepções sobre o 
senhorio do Estado. Infelizmente, alguns países fizeram e fazem esta 
experiência desastrosa, causando como vítima única e exclusivamente o povo, 
é o caso da Rússia (Comunista), Vietnã, Cuba, China, Coreia do Norte, entre 
outros. 


*Assista: Tolerância intolerante, com padre Paulo Ricardo* 


Estudiosos a respeito da origem do Estado afirmam que este surgiu com a 
finalidade de garantir a “felicidade” do povo, por meio de políticas 
públicas e particulares, quer no campo comercial, quer no campo bélico, 
social e religioso. O Estado surgiu para servir o povo, e não o contrário. 
No Brasil não é diferente, o preâmbulo da Constituição da República 
Federativa apresenta algumas finalidades do Estado, como assegurar o 
exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o 
bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos 
de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na 
harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a 
solução pacífica das controvérsias, sob a proteção de Deus. 


Ora, o Estado brasileiro surgiu para servir o povo, de fato, ele é laico, 
isso quer dizer que o Estado não confessa uma religião específica, mas ele 
não é laicista (antirreligioso). Podemos afirmar que, no Brasil, existe o 
conceito da laicidade positiva, visto que suas legislações garantem, 
asseguram e protegem a liberdade religiosa, inclusive o patrimônio cultural 
da religião, sobretudo o Cristianismo em sua maior expressão: o 
Catolicismo, pelo fato de a maioria da população professar esse credo, e 
por esta estar nas bases da criação do Estado Brasileiro. Por isso, o 
ordenamento jurídico, além da liberdade religiosa, protege o patrimônio 
cultural da religião. 


A laicidade positiva é um conceito utilizado por diversas nações que 
sofreram na “pele”, no passado, o erro de terem afastado a religião da 
esfera pública, como a França. O presidente desse país, Nicolas Sarkozy, 
afirmou ao jornal L'Osservatore Romano, em 22 dezembro de 2007, que não 
considera a religião como uma ameaça, mas como uma força, que pode 
desempenhar um papel vital por dar esperança à sociedade de hoje e que não 
se pode afastar o patrimônio cultural e histórico da religião do povo por 
constituir a identidade deste. 


Portanto, afastar a cruz dos prédios públicos, além de ser uma manifestação 
de indiferença ao patrimônio cultural, em prol de uma pseudoigualdade, 
também é inconstitucional, antissocial, mal-educado, intolerante. É rasgar 
as páginas sagradas da história brasileira. É retirar as pedras mestras da 
fundação jurídica, histórica, social, humana, religiosa e cultural do povo 
brasileiro. É, no fundo, negar nossas origens, semelhante ao filho que 
renega seu pai. O patrimônio cultural da nossa fé precisa e deve ser 
protegido pelo Estado, pois este só possui razão de existir servindo os 
cidadãos e garantindo-lhes a sua liberdade. 


Nós vos adoramos, Senhor Jesus, e vos bendizemos! Porque pela Vossa Santa 
Cruz remistes o mundo! 


*Ricardo Gaiotti*
Advogado e membro da Comunidade Canção Nova 

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