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sexta-feira, 8 de abril de 2011

Resiliência: a arte de dar a volta por cima

Pra que não desanimemos nas adversidades da vida, texto de Tereza Kawall:



"Aquilo que não me destrói me fortalece", ensinava o filósofo Friedrich Wilhelm Nietzsche. Este poderia ser o mote dos resilientes, aquelas pessoas que, além de pacientes, são determinadas, ousadas, flexíveis diante dos embates da vida e, sobretudo, capazes de aceitar os próprios erros e aprender com eles

Sob a tirania implacável do relógio, nosso dia a dia exige grande desgaste de energia, muita competência e um número cada vez maior de habilidades. Sobreviver é tarefa difícil e complexa, sobretudo nos grandes centros urbanos, onde vivemos correndo de um lado para outro, sobressaltados e estressados. Vivemos como aqueles malabaristas de circo que, ofegantes, fazem girar vários pratos simultaneamente, correndo de lá para cá, impulsionando-os mais uma vez para que recuperem o movimento e não caiam ao chão.
O capitalismo, por seu lado, modelo econômico dominante em nossa cultura, sem nenhuma cerimônia empurra o cidadão para o consumo desnecessário, quer ele queira ou não. A propaganda veiculada em todas as mídias é um verdadeiro "canto da sereia"; suas melodias repetem continuamente o refrão: "comprar, comprar, comprar".

Juntam-se a isso o trânsito caótico, a saraivada cotidiana de más notícias estampadas nas manchetes e as várias decepções que aparecem no dia a dia, e pronto: como consequência, ficamos frágeis, repetitivos, desesperançados e perdemos muita energia vital.

Se de um lado a tecnologia parece estar a nosso favor, pois cada vez mais encurta distâncias e agiliza a informação, de outro ela acelerou o ritmo da vida e nos tornou reféns de seus inúmeros e reluzentes aparatos que se renovam continuamente. E assim ficamos brigando contra o... tempo!



Haja resiliência! Essa é com certeza uma expressão adequada aos dias de hoje. Só a paciência já não basta. Além de pacientes, precisamos ser determinados, confiantes, ousados e ao mesmo tempo flexíveis e conscientes para manter os problemas em perspectiva - alguns têm solução, outros não -, deixar que o tempo se encarregue de mostrar os caminhos e, sobretudo, aprender a olhar de forma diferente para eles e achar novas maneiras e estratégias de contornar as adversidades.
A resiliência é caracterizada por um conjunto de atitudes adotadas pelo ser humano para resistir aos embates da vida. Esse termo se origina de uma ciência exata, a física, e significa a capacidade que os corpos têm de voltar à sua forma e estado originais, depois de serem submetidos a um grande esforço ou pressão externa.
Disse um mestre: "Não podemos evitar as ondas do oceano, mas podemos aprender a surfá-las." O surfista tem jogo de cintura, agilidade, presença de espírito, amor pelo esporte, conhece o mar, conhece os ventos favoráveis e sabe a hora de pular fora da onda, pois logo atrás já vem vindo outra!

A atitude resiliente, no entanto, não é sinônimo de força ou coragem no sentido mais egoico ou heroico do termo. Ela pressupõe também uma sabedoria e uma criatividade, um discernimento que aparece como consequência de experiências anteriores, algo que também é um ganho, à medida que as adversidades vão criando uma espécie de "musculatura interior".

Numa pessoa resiliente devem estar presentes a capacidade de adaptação e a flexibilidade perante o seu destino. Ela deve ser capaz de promover as mudanças necessárias quando elas são inevitáveis.

A resiliência pode e deve ser exercitada; ela não é algo simplesmente herdado ou um traço de personalidade. Como podemos fazer isso? Aqui vão algumas dicas para se treinar a resiliência:
Aceitação - Em primeiro lugar, não negar o problema quando ele bate à sua porta; a negação só faz aumentar seu tamanho, assim como acentuar a resistência para as mudanças. As soluções podem começar a aparecer a partir dessa compreensão.


Tecnologia - Use todo e qualquer instrumento tecnológico sempre a seu favor e empregue o seu discernimento para não se tornar refém das tecnologias. O excesso de informação é estressante, leva à dispersão e não pode nunca substituir com vantagem o contato pessoal, o afeto e a convivência com as pessoas queridas.

Preocupação - John Lennon dizia que "a vida é uma coisa que acontece, enquanto você fica preocupado, fazendo planos". Assim, não se preocupe demais com o futuro. Sofrer por antecipação é um dos hábitos mais negativos do homem contemporâneo. A ansiedade é corrosiva para a saúde, afeta o sistema imunológico e sua base é o medo e a falta de confiança. O pânico, as fobias e a depressão são os sintomas da demolição dos nossos esquemas mentais de segurança.
Não há fórmulas mágicas para superar crises e dificuldades, sejam elas quais forem. Mas o indivíduo resiliente tem um diferencial na sua forma de atravessar esses momentos. Concentração, foco e tolerância podem moldar um jeito diferente de olhar os nossos problemas. Felicidade é também um modo de interpretar a realidade."

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